domingo, 18 de março de 2012

RESENHA CRÍTICA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: LOPES, Amanda Cristina Teagno.  Educação Infantil e registro de práticas. São Paulo: Cortez, 2009.

Elaborada pela pós-graduanda: Alcina Izabel Cope de Oliveira


No Livro Educação Infantil e registro de práticas de Lopes, Amanda Cristina Teagno – São Paulo: Editora Cortez, 2009 – Coleção docência em formação. Série educação infantil, a autora nos faz refletir sobre a importância do registro de práticas do trabalho docente na Educação Infantil, esse visto como relato, narrativa, descrição e também reflexão, planejamento e avaliação, que visa a melhora da ação, mudança de estratégias, avaliação dos recursos que foram utilizados e reflexão sobre a ação.
Segundo a autora, o papel do educador é de suma importância como produtor de escrita de linguagem, autor de sua história, servindo de modelo para estimular a expressão de sentimentos, a comunicação e a construção de sua história na criança, entendendo a Educação Infantil com um período importante para o desenvolvimento e a aprendizagem, fase que envolve não apenas transmissão de conteúdos e atividades, mas também sentimentos, movimentos próprios das crianças.
Com efeito, a Educação Infantil abrange uma fase de grande importância no desenvolvimento da criança, não podendo ser vista apenas como cuidar ou somente educar, mas que esses dois termos se completem e, com um olhar atento do educador, observando, refletindo, registrando, replanejando seu trabalho, possa atender as necessidades de aprendizagem das crianças, bem como torná-las seres humanos autores de sua própria história, defendendo seus ideais.
Conforme a autora, as práticas de registro, produção de saberes e divulgação de experiências, já ocorriam na escola pública brasileira na década de 1930. Observa-se nesse aspecto que é por meio das marcas deixadas no tempo por registros, documentos, relatos de experiências que hoje é possível conhecer e entender a história, resgatando práticas da Educação Infantil e analisando-as de modo crítico, nos libertando de registros que aprisionavam ou serviam apenas para fins estatísticos, como ocorriam nos parques. Por isso é necessário que o professor se torne autor de sua prática, contribuindo para a construção da memória da Educação Infantil e da escola.
No Terceiro capítulo do livro, a autora faz um registro de práticas pedagógicas produzidas por professores, identificando diferentes tipos de registro, apresentando também seus próprios registros produzidos como professora de Educação Infantil, oportunizando o conhecimento de vários instrumentos de registros, seus objetivos e estratégias, a fim de aprimorarmos a reflexão e a melhor organização do trabalho docente.
Nesse sentido, acredito que com os registros diários é possível que o educador reflita, replaneje, organize, avalie seu trabalho, expressando sentimentos, dilemas, dificuldades, questionamentos, fazendo intervenções, encaminhamentos que contribuirão na construção do saber, no trabalho docente, na melhoria da ação pedagógica, pois o registro é memória, é produto de conhecimento, é reflexão.
Alguns teóricos citados no livro por Lopes permite compreender a importância do registro como elemento imprescindível ao trabalho na Educação Infantil. Madalena Freire considera que “o registro apresenta-se intrinsecamente relacionado à observação, ao planejamento e à avaliação, instrumentos metodológicos com os quais o professor conta para a realização de seu trabalho”. Zabalza enfatiza que “a produção do registro diário é um diálogo que o professor, através da leitura e da reflexão, trava consigo mesmo acerca da sua atuação nas aulas, possibilita a expressão do pensamento do professor e a autoformação por meio da reflexão”.
Refletindo sobre o objetivo final do livro, percebe-se, assim como é colocado pela autora, que é preciso políticas públicas que estimulem, contribuam com melhores condições de trabalho, para que o educador seja autor de sua prática, busque novas estratégias, reflita, reconstrua seu planejamento diário, desenvolva projetos, estude. Para que isso aconteça também é de suma importância a interlocução entre professores, coordenação e direção, trocando idéias, experiências, buscando recursos, divulgando e registrando suas práticas, compartilhando novas propostas e encaminhamentos. É preciso que direção e coordenação incentivem seus professores na elaboração de projetos, garantindo a possibilidade de estudo, reflexão, formação em serviço.
Cabe ainda salientar, no que diz respeito à organização do livro, que a autora apresenta seu conteúdo de forma clara e objetiva, com sugestões de observações e registros que podem ser realizados durante interações entre as crianças, nos momentos de brincadeira dirigida, de brincadeira espontânea, na escrita, no desenho, na autonomia, traz também esclarecimentos, depoimentos de professores com registros que foram desenvolvidos, trazendo ao leitor os recursos usados para o acompanhamento do trabalho pedagógico, como planos, registros diários e portfólios, o objetivo e a importância de cada um deles.
Por fim, conclui-se que se o objetivo principal do trabalho docente é formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, participativos e autores de sua própria história, nós como educadores e modelo a ser seguido devemos ser autores e divulgadores do nosso trabalho docente, registrando diariamente as atividades realizadas com nossas crianças, nossos projetos desenvolvidos, deixando marcas no tempo, narrando os acontecimentos, mesmo que essas narrativas diárias tornem público desejos, aflições, críticas, sugestões e levantem questionamentos, mas que colaborarão com a educação de uma futura geração, registros que façam a diferença e não fiquem guardados em gavetas e arquivos esquecidos.